2005/07/08

ARROGÂNCIA

A arrogância anda à solta. Cruza-se descaradamente connosco na rua. dá-se uma recompensa a quem não a encontrar. Parece inofensiva mas provoca-
-nos, perturba-nos, entristece-nos, revolta-nos…

É o automobilista que nos ultrapassa ou que teima em não respeitar o peão, como que tentando mostrar a sua virilidade de macho falhado.
É o peão que passa ao lado da passadeira para mostrar que todas as regras não foram feitas para ele.
É o funcionário da repartição pública que, munido do seu pequeno poder, arremessa-
-nos com ela para se impor.
É o utente desse serviço que, servindo-se de manhas e engenharias duvidosas, tenta sobrepor-se a tudo como se auferisse de um estatuto especial só porque se julga poderoso.
É o jovem que passa por nós e a exibe como se de um orgulho se tratasse.
É o velho que a usa como se esse direito lhe fosse conferido pela idade.
É o esperto que passa à nossa frente na fila fazendo crer que não consegue ver para além da parte interior da sua cabeça.
É o polícia que quando já não consegue mostrar a sua autoridade nos fuzila com ela, tentando fazer valer o seu domínio.
É o professor que a utiliza para tentar encapotar a sua incapacidade.
É o aluno que a procura quando se sente ignorante.
É o patrão que, quando não consegue convencer ninguém, a aproveita para se impor, ignorando que isso desmotiva.
É o empregado que já não consegue fazer mais nada e a usa como se de um argumento válido se tratasse.
É o político que falha na convicção e a veste para ultrapassar as suas limitações.
É o árbitro, o atleta e o público de um jogo qualquer que teimam em fazer daquilo um caso de vida ou de morte.
É o médico que se serve da nossa fragilidade para nos reduzir a um simples objecto de estatística.
É a do doente que, servindo-se da sua debilidade, a utiliza para dominar todos os que se encontram à sua volta.
É a do juiz que confunde o poder que a lei lhe dá com o poder da lei que o obriga.
É a do arguido que movido da sua astúcia e agilidade tenta iludir aquilo que é óbvio.

A arrogância não serve ninguém mas serve para muitos como arma de arremesso que usam sem descriminar em quem acertam. Afecta todos incitando-nos à sedição contra os que se servem dela.
A arrogância é a arma dos “serial-killers” da sociedade do “vale tudo”.
A arrogância é a arma dos fracos.