2005/09/16

PEQUENEZ

Os pequeninos circulam por aí imaginando-se enormes no seu universo limitado. A pequenez não escolhe idade, sexo, raça ou condição social.
Os pequeninos cirandam por entre todos, pisando quem se atravessa no seu caminho.
Os pequeninos põe-se em bicos de pé para serem vistos.
Os pequeninos passam à frente.
Os pequeninos ultrapassam pela direita, pela esquerda e, se necessário, por cima ou por baixo.
Os pequeninos enchem o peito de arrogância feroz.
Os pequeninos vestem a pele dos gigantes que não conseguem ser, julgando encontrar aí refúgio para a sua pequenez.
Os pequeninos são afáveis mas prontos a atacar pelas costas aqueles que lhes fazem frente.
Os pequeninos são traidores e viram a sua cabeça para onde lhes dá mais proveito.
Os pequeninos são limitados, analfabetos sociais, eunucos da vida.
Os pequeninos são cobardes e fogem sempre que não conseguem ganhar.
Os pequeninos tremem de medo quando alguém lhes faz frente.
Os pequeninos não têm ideias próprias. Limitam-se a repetir aquilo que já foi dito e aceite.
Os pequeninos não têm palavra. Moldam-na consoante a situação.
Os pequeninos não têm amigos e adaptam as suas relações aos seus interesses.
Os pequeninos são mentirosos porque só assim conseguem esconder a sua ignorância.
Os pequeninos são lacaios e correm quando estão perante um superior dando a entender que trabalham muito.
Os pequeninos estão sempre disponíveis para tudo não conhecendo a diferença entre dignidade e baixeza.
Os pequeninos, quando têm um poder pequenino, são horríveis e cruéis e não conseguem equacionar nada para fora dos limites deles próprios.
Os pequeninos têm uma cabeça pequenina e por isso são limitados na capacidade de pensar não conseguindo sair do seu egocentrismo.
Os pequeninos são egoístas e arrastam tudo neste turbilhão de interesses pessoais.
Os pequeninos acham-se superiores pois desconhecem o valor dos outros.
Os pequeninos nunca conheceram a inocência das crianças porque sempre sofreram de pequenez.
Os pequeninos são traiçoeiros e perante a realidade da sua traição fogem e escondem-se para não enfrentarem a realidade dos seus actos.
Os pequeninos não ligam a meios para atingir fins.
Os pequeninos só pensam no que se faz e não percebem que o “como se faz” é, por vezes, mais importante.
Os pequeninos desenrascam-se “o que é preciso é fazer e não interessa quem se leva à frente”.
A pequenez revela-se por aí, a cada momento e em qualquer lugar, no lado mais pequenino deste mundo em que vivemos.