2005/11/01

RISO

O riso é, por definição, a parte exterior da nossa alegria do nosso bom humor, de parte da nossa felicidade. Consideram-nos um país de tristes e estamos, segundo estudos recentes, na cauda da Europa no que diz respeito aos índices de felicidade. Mesmo assim ainda rimos e, a julgar pelos programas televisivos e pela publicidade que apela ao riso, ainda tentamos resistir a este desígnio fatalista. Parece que é nos momentos de maior desespero que coisas destas são populares. Talvez seja a necessidade de equilíbrio e estabilidade emocional que se procura. É certo que não encontramos muitos motivos para rir mas, mesmo assim, lá vamos esboçando sorrisos ou dando gargalhadas pelos mais variados motivos.
Quando rimos podemos mostrar os mais diferentes sentimentos e as mais diversas facetas da nossa personalidade. Certamente rimos para mostrar o nosso júbilo mas também o podemos associar a outras circunstâncias.
É o riso de desprezo que muitas vezes se torna na única arma para demonstrar a revolta.
É o riso de indiferença que serve quando já não há nada a fazer e o alheamento é total.
É o riso idiota por tudo e por nada que acompanha cada gesto e indicia a incapacidade para demonstrar sentimentos.
É o riso de circunstância que serve tudo e não vale nada.
É o riso sadio e inteligente que estimula a nossa criatividade e desenvolve o nosso espírito crítico.
Pena é que sejamos quase sempre inflamados para o riso por motivos fáceis e pouco sensatos. Os nossos humoristas de serviço fogem frequentemente para trilhos fáceis porque lhes falta a criatividade e a sensatez de conseguir provocar a gargalhada sem recorrer a brejeirices de gosto duvidoso ou a receitas gastas e confrangedoras.
É conhecida a nossa capacidade para criar humor a propósito de tudo ou de nada. Qualquer acontecimento ou qualquer atitude pessoal mais sonante provoca um chorrilho de anedotas que facilmente circula como que divulgadas pela mais prestigiada agência de publicidade. Este sentido de humor latente aproveita o mais pequeno motivo para exteriorizar o sentido crítico e a censura através do riso. No entanto temos muito pouca capacidade para nos rirmos de nós próprios. Quando nos toca a nós, reagimos de forma agressiva e hostil. Talvez isso demonstre a causa de alguma inércia como povo pois temos sempre solução para tudo menos para os nossos próprios problemas. Somos peritos a olhar para os outros mas pouco versados a ver-nos a nós próprios.
Talvez o tom deste texto não seja o mais adequado ao tema. Mas vá lá… Façam um esforço… Esbocem pelo menos um sorriso.

2 Comments:

At fevereiro 28, 2007, Anonymous Anónimo said...

Best regards from NY! »

 
At abril 26, 2007, Anonymous Anónimo said...

Este comentário foi removido por um gestor do blogue.

 

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